Banco do Brasil em Risco: Entenda os Possíveis Impactos da Lei Magnitsky

Nos últimos dias, o nome do Banco do Brasil (BB) voltou ao centro das atenções do mercado financeiro por conta da possibilidade de ser alvo da Lei Magnitsky...

Nos últimos dias, o nome do Banco do Brasil (BB) voltou ao centro das atenções do mercado financeiro por conta da possibilidade de ser alvo da Lei Magnitsky, legislação americana que permite sanções a indivíduos, empresas e até instituições financeiras envolvidas, direta ou indiretamente, em violações de direitos humanos ou corrupção.

Embora o tema pareça restrito ao campo da geopolítica, seus desdobramentos podem atingir exportadores, investidores e até o bolso do consumidor brasileiro. Por ser um banco estatal, o Banco do Brasil carrega uma vulnerabilidade extra: sua ligação direta com o governo o coloca sob maior risco em disputas políticas internacionais.

Mas afinal, o que realmente está em jogo?

O papel do Banco do Brasil no agronegócio e exportações

O Banco do Brasil é o maior financiador do agronegócio nacional, setor que responde por aproximadamente 25% do PIB brasileiro e mais de 40% das exportações do país.

  • Em 2023, o BB destinou R$ 240 bilhões em crédito rural, superando qualquer banco privado.

  • Além do crédito, o banco também atua como principal intermediário de pagamentos internacionais ligados ao setor agroexportador, garantindo que produtores recebam em dólar pelas vendas externas.

Isso faz com que o BB não seja apenas um banco: ele é peça-chave para a segurança alimentar global, já que o Brasil é um dos maiores exportadores de soja, milho, carne e café do mundo.

Ou seja, um bloqueio ao Banco do Brasil afetaria toda a cadeia produtiva do agro e poderia gerar impacto nos preços globais de alimentos.

O que poderia acontecer se o BB perder acesso ao dólar (clearing e Swift)

Um dos maiores temores é a perda do clearing em dólar — o mecanismo que permite a compensação de transações na moeda americana.

  • Sem clearing, exportadores brasileiros teriam dificuldades para receber pagamentos em dólar de clientes internacionais.

  • Em casos extremos, poderia haver a exclusão do BB do sistema Swift, a rede internacional de comunicação entre bancos. Isso praticamente inviabilizaria operações com o exterior.

Embora a exclusão do Swift seja considerada muito improvável, só o risco já preocupa o mercado. Afinal, mais de 90% do comércio internacional é liquidado em dólar.

Um cenário de bloqueio dificultaria não apenas as exportações, mas também importações essenciais, como combustíveis, fertilizantes e insumos industriais.

Como sanções podem afetar exportadores e investidores

As consequências não se limitam ao banco:

  • Para o agronegócio: o crédito ficaria mais caro, e exportadores perderiam competitividade frente a países concorrentes, como Argentina e Estados Unidos.

  • Para investidores institucionais: haveria maior aversão ao risco Brasil, com possível fuga de capital estrangeiro da B3.

  • Para o investidor comum: ações do BB poderiam cair ainda mais, impactando fundos de ações, ETFs de bancos e até fundos de previdência que carregam participação relevante no setor financeiro.

Na prática, sanções financeiras enfraquecem o lucro dos bancos — muitas vezes transformando ganhos em multas bilionárias. O BNP Paribas, por exemplo, já pagou US$ 8,9 bilhões em penalidades por violar sanções americanas no passado.

Cenários possíveis (provável, possível e improvável)

  • Cenário provável: pressão diplomática, mas sem sanções severas. O Banco do Brasil segue operando normalmente, mas sob maior vigilância e volatilidade no mercado.

  • Cenário possível: aplicação de multas significativas, que podem reduzir lucros e derrubar o valor das ações, mas sem comprometer a continuidade das operações.

  • Cenário improvável: bloqueio completo ao sistema financeiro internacional, como exclusão do Swift. Esse cenário é extremo e prejudicaria não só o Brasil, mas também parceiros comerciais dos EUA — tornando-o pouco realista.

Conclusão

O risco da Lei Magnitsky para o Banco do Brasil acende um alerta importante: mesmo sendo improvável um bloqueio completo, a simples ameaça já traz impactos reais, como queda no valor de mercado do banco e maior incerteza para investidores.

O BB é estratégico demais para o agro e para a economia brasileira, mas justamente por isso pode ser usado como “boi de piranha” em disputas internacionais.